quarta-feira, janeiro 31, 2007

O sim, ou NÃO, conveniente!

Antes de mais quero esclarecer os nossos leitores que, na questão do aborto, não sou mandatário nem do SIM, nem do NÃO. Aliás acho imensa piada a essas pessoas que se dizem mandatárias nesta questão! NÃO, eu não sou mandatário! Não gosto de representar ninguém, muito menos um monossílabo!
Hoje mesmo ouvi uma mandatária do SIM a apelar a jovens, a idosos, a mulheres, a homens e outros grupos para votarem SIM; mas houve um grupo que me chamou particular atenção: Esta senhora apelou aos católicos! Ora bem, os católicos defendem que só se deve ter relações sexuais para efeitos de procriação e para procriar creio que o aborto não seja assim muito conveniente.
Se os mandatários de movimentos me fazem rir, já a maneira como os nossos partidos polícos abordam a questão preocupa-me; vejamos: Aquando do último referendo sobre o aborto, PSD era contra, PS não tinha posição. O NÃO venceu. Agora, com as forças da "nossa" esquerda incoerente a crescer PSD não tem posição e PS é favor do SIM. Se o NÃO voltar a vencer o que se segue?! Seguindo a mesma tendencia evolutiva, o PS levará a questão pro radicalismo, o PSD será oficialmente a favor e talvez o PP deixe de ter posição. Mas, por outro lado, se a direita crescer, talvez já se inverta esta tendencia... O que me leva a concluir que PS e PSD são dois partidos que não agem por ideais, mas por conveniencias! Isto é preocupante, porque são estes dois partidos que acabam sempre a governar o nosso país.
Algo que também me deixou confuso foi o que disse José Sócrates sobre a questão. A pessoa que comanda os destinos de Portugal disse que vota SIM "para acabar com essa chaga da sociedade que é o aborto clandestino". Se o sim ganhar o que se segue? A liberalização de mais chagas?
-"Eu voto sim para acabar com essa chaga da sociedade que é a droga!"
-"Eu voto sim para acabar com essa chaga da sociedade que é o assalto à mão armada!"
-"Eu voto sim para acabar com essa chaga da sociedade que é a corrupção desportiva!"
-"Eu voto sim para acabar com essa chaga da sociedade que é o homicídio qualificado!"
A verdade é uma só. Hoje em dia só engravida quem quer! Se uma gravidez é indejada, não deve sequer acontecer. Não se pode fazer do aborto um meio contraceptivo. Talvez nem seja esse o objectivo do SIM, mas para muitas pessoas vai acabar por ser: "Querida, hoje apetece-me ao natural, se houver crise, vais ao hospital e fazes um aborto, agora é seguro!"
O que não me convence é o argumento de que, a ganhar, o SIM dá liberdade de escolha à mulher. Se sendo ilegal, quando não é desejada, a mulher é muitas vezes pressionada a interromper a gravidez, imagine-se se o aborto for liberalizado. Se uma mulher tiver em risco de perder o emprego por ter engravidado, acham que, com um hospital mesmo ali à mão, ela vai sequer hesitar?!
Eu confesso que como a maioria dos nossos partidos, sou a favor do NÃO por conveniência. Sabem, é que não quero ver o dinheiro dos meus impostos a ser gasto em algo que põe fim à vida e que pode perfeitamente ser evitado.
VLT